O processo de inserção da pessoa com deficiência (PcD) no mercado de trabalho, sobretudo à partir da Lei 8.213/1991, também conhecida como Lei de Cotas, fomenta uma série de reflexões. Partindo destas, o foco desse artigo é analisar sua relação com a realidade enfrentada por esses trabalhadores. Os modelos de gestão contemporâneos das organizações, apresentados pela Psicossociologia, balizam-se em aspectos idealizados de uma imagem perfeita e onipotente do trabalhador, semelhantes a um herói, cujo dever será romper com todos os seus limites físicos e psíquicos em nome do sucesso profissional. Diante disso, a legislação direcionada à PcD distancia-se de seus objetivos iniciais de inclusão e de sua aplicabilidade ao conflitar-se com a realidade narcísica do mundo pós-moderno, sobretudo por seu caráter excludente e segregacionista daqueles que denunciam a imperfeição e incompletude humana.