Em uma análise filosófica dos problemas humanos contemporâneos, Abib sugere uma educação da sensibilidade para resolver tais problemas. Para tanto, apresenta princípios e estratégias e indica a contribuição da educação formal. Na educação formal há projetos de áreas aplicadas do conhecimento que visam a resolução desses mesmos problemas. Um deles é o “Educação ecológica, desenvolvimento regional e cidadania global: a conservação de riachos urbanos da região metropolitana de Maringá”, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), e insere-se no Programa Universidade sem Fronteiras. Com proposta interdisciplinar, envolve profissionais da biologia, artes cênicas, engenharia ambiental e psicologia, e visa sensibilizar a população, especialmente estudantes do ensino fundamental, sobre a necessidade da conservação dos riachos urbanos e fundos de vale. Assim, objetivo desse trabalho é discutir a afinidade das atividades do projeto de educação ambiental com a proposta de educação da sensibilidade. Logo, é necessário apresentar a proposta de educação da sensibilidade, o projeto de educação ambiental e as contribuições da psicologia comportamental, e analisar a afinidade entre ambos. A educação da sensibilidade seria a forma de superar o desequilíbrio gerado pelos comportamentos cujas consequências imediatas são prazerosas e de longo prazo deletérias para a humanidade, como o descarte inadequado. Para realizar essa educação da sensibilidade, elege-se como princípio fundamental o uso de reforçamento positivo e quatro estratégias: educação do sentimento, educação ética, educação para liberdade, e formação do autocontrole e do indivíduo criativo. Quanto ao projeto ambiental, a partir da análise das atividades de um projeto precedente que serviria de base, a contribuição analítico-comportamental foi: analisar cada atividade por meio do conceito de contingência; analisar se as atividades tornavam os resíduos estímulos discriminativos para falar ou para a ação de manejar resíduos adequadamente; focar em atividades que tornem os resíduos estímulos discriminativos para a ação de manejo adequado. Assim, as atividades do projeto foram planejadas de forma lúdica: os alunos seriam peixes e percorreriam o fundo dos riachos. Lá, conheceriam seu estado e animais presentes no contexto poluído. Seriam convidados a recolher os itens do riacho que não deveriam estar ali, e levá-los para o exterior do ambiente, onde aconteceria uma dinâmica de reciclagem. Ao voltar para o interior do riacho, observariam como mudou sem a poluição. Correlacionando a proposta de educação da sensibilidade com o projeto de educação ambiental nota-se que as atividades realizadas nas escolas pautam-se em reforçamento positivo, educam o sentimento ao comparar a sensação dos peixes em estar em ambientes poluídos e limpos, ensinam comportamento ético ao agir de forma a produzir bens para si e para os outros, educa à liberdade ao entrar em contato com desprazer de recolher e guardar os resíduos até poder descartar corretamente, estimulam a criatividade com a proposta lúdica, formam o autocontrole ao ensinar a agir sob controle de consequências de longo prazo. Ao identificar que o projeto “Educação ecológica” contém princípios e estratégias sugeridos para a educação da sensibilidade, conclui-se que há grande compatibilidade entre ambos, e que o trabalho interdisciplinar pode contribuir para o desenvolvimento de uma sensibilidade educada.