Portal de Eventos - UEM, XVIII Semana da Psicologia da Universidade Estadual de Maringá. IV Seminário de Integração do PRO Saúde PET Saúde

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Uma análise sobre o desenvolvimento da personalidade a partir da prática esportiva do futebol pautada na Psicologia do Esporte
Nahirne kelen Nahirne

Última alteração: 2017-11-13

Resumo


O futebol é um esporte social, e muitas crianças e adolescentes se envolvem nesse jogo. Este estudo teve como objetivos analisar como a prática esportiva do futebol pode contribuir para o desenvolvimento da personalidade de crianças e adolescentes, identificar as experiências significativas que os atletas vivenciam no jogo; pesquisar as contribuições desse esporte para o desenvolvimento infantil e adolescente, bem como refletir sobre a contribuição da psicologia do esporte para a educação física e sobre a postura de tais profissionais.

A elaboração desse estudo se desenvolveu pelo método bibliográfico analítico descritivo.  A revisão bibliográfica associada a observações nos treinos e jogos de uma Escola de Futebol situada no sul do Paraná possibilitou a discussão do tema e embasamento de todo o desenvolvimento da pesquisa.

Segundo CAMARA (2009) apesar do futebol ser o esporte coletivo mais estudado no mundo, ainda existe pouquíssimos estudos no que se refere à psicologia do esporte. O Conselho Regional De Psicologia (2016 p.11) ressalta, “a Psicologia do Esporte ainda é pouco reconhecida por nossa sociedade, porém já é uma área construída e constituída em Psicologia, ela está em constante desenvolvimento”. È composta por métodos e técnicas científicas para a compreensão e desenvolvimento do trabalho no ramo do esporte. Pode ser definida de acordo com Samulski (2009, p.3) como “estudo científico de pessoas e seus comportamentos no contexto do esporte e dos exercícios físicos e a aplicação desses conhecimentos.”

As teorias que embasam a psicologia do esporte, e seus conhecimentos aplicados a eles, são relevantes para que com o intermédio da educação física criem bases ainda mais sólidas de comprometimento e responsabilidade para com os adeptos dos esportes. Unesco (2013, p.10) define como objetivos da psicologia do esporte e do exercício, “entender como os fatores psicológicos afetam o desempenho físico de um indivíduo; entender como a participação em esportes e exercícios afetam o desenvolvimento psicológico, a saúde e o bem-estar de uma pessoa.”

A análise da modalidade esportiva estudada ao meio psicológico pode contribuir para avaliar questões tão relevantes nos dias atuais, como o desenvolvimento, comportamento, personalidade e a educação emocional dos atletas. Conforme Samulski (2002, p.38) “o desenvolvimento da personalidade deve-se entender como desenvolvimento integral de um indivíduo: desenvolvimento motor, cognitivo, motivacional, social e emocional da infância até a idade adulta.” Desse modo, a personalidade se configura a partir do desenvolvimento e das experiências dos indivíduos em cada ciclo da sua vida, crianças e adolescentes atletas do futebol têm no jogo vivências que contribuem para esse processo.

Os autores Hermeto & Martins (2012) definem a adolescência como um novo nascimento. Mas cabe ressaltar que os acontecimentos da infância contribuem para esta nova fase, pois o que acontece na infância se concretiza como uma bagagem psíquica para o atual adolescente, jovem, adulto e idoso, e nesse contexto as experiências do esporte se tornam importantes, pois “o desenvolvimento está, alicerçado sobre o plano das interações.” BOCK et all (2001, p. 142)

O teórico Erikson, em sua teoria sobre o desenvolvimento psicossocial propõe que é a partir das experiências que o adolescente ainda em meio ao seu mundo infantil e adulto estrutura o seu ego e tenta estabelecer um sentido de coerência com seu self, seu eu. “Neste processo, o jovem se tenta encontrar e afirmar, sobretudo no seio do grupo de iguais entre os quais se revê. Vai estabelecendo aos poucos aquilo que é ou quer ser, o que gosta e aquilo que não, os papéis que se sente bem e os que não.” VERÍSSIMO (2002, p. 2002)

As experiências e aprendizados desenvolvidos no jogo remetem ao desenvolvimento da aprendizagem significativa: um termo da psicologia humanista, atribuído por Carl Rogers definida como aquela que envolve sentimentos e significados pessoais, segundo ele, “ela faz diferença no comportamento, nas atitudes, talvez mesmo na personalidade do que aprende”.  ZIMRING (2010, p. 37). Pois ela se desenvolve de acordo com os objetivos e necessidades de cada um, nesse caso de cada atleta.

Segundo REVERDITO; SCAGLIA (2013) toda prática esportiva oferecida a crianças e adolescentes é permeada por ações adultas - dos pais, dos dirigentes, técnicos, árbitros, e todos estes, são influentes para criança e o adolescente. Merece destaque a presença dos pais nas torcidas, e treinos acompanhando e incentivando seus filhos, talvez seja essa a maior contribuição do esporte, aproximar as familiaridades do desenvolvimento dos filhos.

Segundo SAMULSKI (2009 p.35) o esporte é um meio para promover positivamente a disposição para o comportamento social, a estabilidade emocional, a motivação para o rendimento, a autodisciplina e a força de vontade. Todas essas características vão se desenvolvendo ao jogar. Em conformidade, Siegel (2015 p.175) propõe, “o cérebro é um órgão social feito para estar em relacionamento. È fisicamente conectado para receber sinais do ambiente social, que por sua vez influenciam no mundo interior da pessoa”. Desse modo, a socialização dos atletas, antes durante e após as partidas de futebol é de grande relevância para o desenvolvimento da personalidade.

Parafraseando o psicólogo americano Rogers (1997) a interação com o outro capacita o indivíduo a descobrir, encobrir, experienciar ou encontrar seu self real de forma direta. “Nossa personalidade torna-se visível a nós através do relacionamento com os outros.” Fadiman (1986, p. 222). È perceptível no trabalho em equipe, oportunidades nas quais as crianças e adolescentes vão internalizando como viver e fazer contato com o seu eu e o outro, conhecem seu potencial e reconhecem o de seus colegas, o desafiam buscando a superação e, quando almejam vencer precisam trabalhar todas essas questões, para se sobressair perante o jogo e atingir suas metas de golear.

Os conteúdos aparecerem de forma espontânea em que os próprios jogadores devem buscar um equilíbrio entre seus comportamentos, respectivas ações, emoções e reações. Sendo assim, a prática esportiva é essencial, pois preza pela qualidade de vida e para o desenvolvimento do ser humano e suas potencialidades, quando praticada na infância e adolescência se torna uma aliada ao desenvolvimento das vidas em questão. Muitas coisas decorrem nesse período, como o desenvolvimento da estrutura física, cognitiva, mental, emocional, psicossocial, e todos esses fatores contribuem para a formação da personalidade, conforme cita Melo (2000), quando uma criança está jogando, ela encontra-se desenvolvendo harmoniosamente o seu corpo, a sua inteligência e a sua afetividade.

Além de conhecer seu corpo e desenvolver habilidades por meio dos movimentos, em uma partida de futebol a criança é inserida para trabalhar em equipe, Bacelar (2016, p. 46) afirma “O exercício pleno da convivência é o ápice do desenvolvimento humano”, na equipe, cria-se o anseio de reconhecer e superar as dificuldades e vários esquemas mentais, físicos e sociais, são formados rapidamente para desenvolver da melhor forma os fundamentos do jogo. Valle (2007) reconhece que o futebol é um esporte interativo, desse modo, o sucesso da equipe vai depender de cada membro, cada um com sua individualidade, habilidade que se faz disponível ao jogo e se desenvolve a partir dele.

Perceber os eventos que ocorrem nesse trabalho em grupo, e o que ele resignifica na vida de cada atleta, os ensinos subjetivados que vão além do campo é uma oportunidade única, que precisa ser enxergada, trabalhada e divulgada, para que as crianças possam desenvolver harmoniosamente seu corpo, mente e sua personalidade a partir da modalidade que gostam de praticar, por isso a necessidade de profissionais qualificados para instruir tal prática. Ainda a elaboração e propagação dessa pesquisa podem ser eficazes para estimular e conscientizar sobre a contribuição do esporte no desenvolvimento humano desde a infância.

Em suma, a compreensão dessa temática é determinante para diversas áreas de pesquisas, onde o levantamento de mais materiais de estudo é indispensável, principalmente no que se refere área da psicologia do esporte.

Palavras-chave: Psicologia do Esporte. Educação Física. Esporte.

 

 

Referências

BACELAR, A. A psicologia humanista na prática: reflexões sobre a abordagem centrada na pessoa. Volume 2, Palhoça: Editora Unisul,2016.

CAMARA, R, C, H. Critérios comportamentais utilizados por técnicos na avaliação do desempenho esportivo de futebolistas das categorias de base. Natal: editora Sprint, 2009.

CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DE SÃO PAULO.  Psicologia do Esporte: Contribuições para atuação Profissional. São Paulo: CRP- SP, 2016.

FADIMAN, J. FRAGER, R. Teorias da Personalidade. São Paulo: Harbra, 1986.

HERMETO, C; MARTINS, A L. O livro da Psicologia. São Paulo: O globo, 2012.

MELO, R; MELO, L.  Ensinando futsal. São Paulo: Sprint, 2000.

REVERDITO, R, S; SCAGLIA A, J. Pedagogia do Esporte.  São Paulo. Phorte, 2013.

ROGERS, Carl R. Tornar-se Pessoa. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

SAMULSKI M, D. Psicologia do esporte.  Barueri- São Paulo. Editora Manoele Ltda, 2002.

SAMULSKI M, D. Psicologia do esporte: conceitos e novas perspectivas. Barueri- SP. Editora Manole Ltda, 2009.

SIEGEL, Daniel. O cérebro da criança: estratégias revolucionárias para nutrir a mente em desenvolvimento do seu filho e ajudar a família prosperar.São Paulo: Nversos: 2015.

UNESCO, Psicologia do Esporte- caderno de referencia do esporte v.6. Brasília. Fundação Vale, 2013.

VALLE, M. Dinâmica de Grupo aplicada ao esporte. São Paulo: Casa do Psicólogo. 2007.

VERÍSSIMO, R. Desenvolvimento Psicossocial (Erik Erikson). Porto. Faculdade de Medicina do Porto, 2002.

ZIMRING, F. Carl Rogers. Recife: fundação Joaquim Nabuco. Massangana, 2010.

BOCK B, M, A; FURTADO O; TEXEIRA T,L. Psicologias: uma introdução ao estudo da Psicologia. São Paulo. Editora Saraiva, 2001.