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Da ingenuidade de Prometeu aos riscos de Epimeteu
Última alteração: 2019-06-06
Resumo
O objetivo deste trabalho é problematizar a questão da técnica, que está intimamente relacionada ànoção de tecnologia do comportamento, amplamente defendida por Skinner. Isso será feito em trêsmovimentos. No primeiro movimento, será apresentado o mito de Prometeu, que enseja adiscussão da técnica (representada no mito pelo fogo) na narrativa clássica sobre a criação domundo. No contexto das reinterpretações posteriores do mito, destaca-se um elogio a Prometeu,difundido pela modernidade. Esse otimismo moderno com Prometeu aparece no papeldesempenhado pela técnica no domínio da natureza e no desenvolvimento de uma ciênciaoperativa, assim como na identificação com o caráter transgressor do protagonista do mito. Nosegundo movimento, será apresentada a lenda germânica de Fausto, com destaque para a versãomoderna de Goethe. Nesse ponto, encontra-se a origem de críticas modernas e contemporâneas àtécnica, que enfatizam seus resultados catastróficos e denunciam uma visão ingênua sobre oassunto. No terceiro movimento, discutiremos que a força da tragédia fáustica leva a umareinterpretação do mito de Prometeu, enfatizando agora o papel de Epimeteu, que de coadjuvantepassa a ser protagonista. Argumentaremos que essa volta a Epimeteu significa o abandono datecnologia e de todas as suas conquistas em favor do irracionalismo. Ecos de uma visão epimeteicatêm aparecido em nosso contexto atual e ameaçado a ciência em geral e a ciência docomportamento em especial. Com isso, o desafio contemporâneo de uma ciência docomportamento poderia ser formulado da seguinte maneira: como manter-se ao lado de Prometeu,defendendo a técnica, ciente dos riscos colocados pela tragédia fáustica? Isso dá ensejo para adiscussão da práxis na Análise do Comportamento.
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